De todos o
único que me deu dor de cabeça é meu atual marido, quando conheci Beto, eu
estava fazendo faculdade de Advocacia, e trabalhava em um Call Center e vou te
contar o povo sofrido este povo do telemarketing, quando entrei na empresa o
Beto já estava lá, ele era muito popular na empresa porque era do tipo de
pessoa tão carismática que todo mundo conhece e gosta.
A primeira
vez que o vi nossa ele era um homem tão atraente, pele branca e olhos castanhos
claros, cabelos loiros escuros quase castanho, uma boca de enlouquecer, a
primeira coisa que olho em um homem é sua boca, sou fascinada por bocas bem
modeladas e a dele pedia para ser beijada, era alto e forte um tanquinho de
longe visto e como eu queria bater roupas naquele tanquinho, como eu queria!
Em pouco tempo
nos tornamos amigos, conversávamos sempre no Messenger, todas as noite, já era
rotina durante a semana, eu tinha que conversar com ele antes de dormir, só
tinha um único problema, eu tinha um relacionamento meio complicado, era noiva
e para ser sincera eu gostava do meu noivo, eu amava pelo menos eu pensava que
amava, porque ele era sempre tão gentil, nos combinávamos em tudo, Leonardo era
um doce de homem, como eu estava quase me formando, nos iríamos nos casar no
ano seguinte, já tínhamos comprado o nosso Ap no Buritis, estava quase todo
mobiliado, é que os pais do Leonardo eram bens de vida e os meus também, eu
trabalhava para me distrair mesmo, já que meu pai pagava meu curso todo na PUC,
então a única coisa que faltava para que pudéssemos nos casar era terminar meu
curso, como eu ia deixar o Leonardo para ficar com Beto? Depois de tudo
comprado, tantos planos feitos?
Não dava
mesmo, assim resolvi seguir com meu relacionamento e continuar sendo amiga de
Beto, em uma noite fatídica fomos a um bar perto da PUC do Coração Eucarístico
onde eu fazia meu curso, Beto ao contrário de mim trabalhava porque precisava
completar a renda, ele era bolsista na mesma faculdade, por pura coincidência
do destino nós não tínhamos nos trombado, mas naquela noite bebemos uns goles a
mais e acabamos cedendo a paixão que nos matava por dentro.
Beto morava
em um Ap perto do campus fomos direto para lá, quando nos tocamos a primeira
vez, nossos corpos se uniram eu sentir como se uma corrente elétrica tivesse
passado por todo meu corpo, eu nunca tinha sentido isso em quatro anos
namorando Leonardo, o que significava? Nossa e foi maravilhoso, beto tinha um
beijo que me deixava toda de pernas bambas, aquelas mãos quando passeavam pelo
meu corpo era como se acendesse algo dentro de mim. Eu estava decidida a deixar
o Leo para ficar com Beto, mesmo depois de toda nossa história de tudo comprado
eu ia deixar ele, não podia casar como ele gostando de outro.
E começamos
a nos relacionar, pedi um tempo para o Leo e ele aceitou numa boa, ele era um
cara muito maduro, o problema dos maus inícios é que sempre pode acontecer
imprevisto e no auge da paixão a ex do Beto aparece dizendo que estava grávida dele, que eles tinham ficado,
e aconteceu, o Beto jurou que não tinha nada com ela, mas ela tinha provas, eu
nunca sofri tanto em toda minha vida, resolvi deixar Beto, sair da empresa
pedindo conta, mudei o campus para o Barreiro, eu nunca mais queria ver Beto em
minha frente.
E assim a
vida seguiu, me casei com Leo e ele foi um marido maravilhoso, minha festa foi
linda, nossos pais alugaram um salão incrível na Pampulha, eu queria meu
vestido feito sob encomenda nada de vestir algo que já tivesse sido usado por
outra pessoa, nada disse tinha que ter exclusividade, e assim nosso início de
felizes para sempre começou, mas você sabe o problema de relacionamentos que
começam sem sentimentos nos dias atuais?
Eles não duram, e meu casamento foi lindo enquanto durou, e durou uns
bons três anos, sem amor, sem paixão, em um dia como outro qualquer nos olhamos
e percebemos que tínhamos feito coisa errada.
"E
agora?"
"Agora
Leo, nós continuamos amigos como sempre fomos, mas cada um continua sua
vida."
O divorcio
foi o mais difícil porque tivemos que vender o Ap para dividir o valor dele, a
esta altura éramos sócios em uma empresa de Advocacia, imagine como era
estranho ir trabalhar todos os dias com aquele sujeito que até então dividia a cama com você?
"Malu,
eu sempre vou ter um carinho enorme por você, então por esse motivo estou
disposto a comprar a sua parte na associação, na empresa, hoje eu tenho
condições."
"Eu vou
dar um tempo do Brasil Leo, não sei mais se quero continuar na minha profissão,
vou viajar e quando voltar eu decido, por mim o negócio está fechado."
E assim me
desfiz de uma empresa e seguir para a Europa, andei pela Alemanha, depois
Itália e como era lindo tudo, viajei por longos cinco anos, quando resolvi
voltar ao Brasil, eu já escrevia, era colunista de algumas revistas Europeias e
como tal podia morar onde quisesse.
Quando
desembarquei no Brasil era como se nada tivesse mudado, o país continuava o
mesmo, com a mesma bagunça política de sempre, a primeira coisa que fiz quando
finalmente consegui descansar na casa de meus pais foi querer um lugar para
mim, olhei alguns apartamentos, mas não me agradaram nenhum, então uma luz se
acendeu em mim.
Estava em
uma tarde navegando pela internet quando vi uma empresa de engenharia, que faziam
casas sob encomendas, eram um modelo mais lindo que o outro, não queria mais
pensar, era isso eu iria construir a minha própria casa.
"O que
acha pai?"
"O que
você fizer minha queria eu te apoio, se precisar até banco, você é o meu
tesouro, só quero te ver feliz."
"Obrigada
pai."
Com o
veredito de meu pai, comprei o lote e fui atrás da empresa Engenharia e
Arquitetura Oliveira, peguei meu carro e foi ao encontro deles, quando cheguei
lá, a secretária me pediu para aguardar que já iam me receber.
"Senhora
Malu Fernandes, o Sr. Adalberto Cavalcante irá atende-la agora, pode vir comigo
por favor."
E assim o fiz, o lugar era bem fino, um luxo
só, me encantou logo de cara, mas quando entrei na sala meus olhos não podiam
acreditar no que estavam vendo, era o Beto ali na minha frente, ele tomou um
grande susto quando me viu.
"Malu?
É você mesmo? Que prazer te ver!"
Ele foi
dizendo me abraçando como se ele esperava me ver a bastante tempo, aquilo tudo
era estranho para mim, mas retribui o abraço.
"Estou
bem, Beto e você? Parece que não mudou nada, se passaram quanto tempo? Oito
anos?"
"Sim.
Oito longos anos."
E
conversamos sobre tudo, tudo mesmo, por fim ele me mostrou algumas maquetes de
como poderiam ser a casa, a minha casa, no final eu lhe dei um desenho próprio
e o que ele aperfeiçoou, Beto era Arquiteto agora e muito bem sucedido, ali eu
vi que minha casa iria ficar linda, no meio a minha empolgação esqueci de
perguntar se ele tinha casado, mas minha pergunta, nem precisava ser feita, em
meio a nossa empolgação uma mulher loura, alta, muito bem vestida, linda por
sinal, era a ex dele que nos atrapalhou, ela olhou para mim com desagrado e foi
bem arrogante.
"Vera,
olha quem está aqui? Se lembra da Malu?"
"Sim.
Como eu poderia me esquecer? Eu volto em outro momento."
Ela saiu me
deixando meio sem jeito na sala, e não fui a única, Beto estava vermelho de
raiva dava para ver nos olhos dele.
"Desculpe
a reação de Vera, ela é filha do meu Sócio, a presença dela na empresa é quase
que obrigada."
"Vocês
não se casaram?"
"Não.
Nem louco caso com esta mulher. Não depois do inferno que ela transformou minha
vida, ela e eu crescemos juntos, nos conhecemos desde sempre."
"Não
entendo. Mas ela não estava grávida? Afinal foi por isso que nos
separamos?"
"Não
haveria como está grávida, ela é estéril. Nunca tive nada com mulher nenhuma
quando estava com você, mas isso é passado, já não importa mais é
passado."
"Claro,
é passado me desculpe."
E a conversa
que tinha iniciado bem, acabou tomando um rumo diferente, ele agora estava frio
se limitando apenas ao trabalho da minha casa, que iriam começar no mês
seguinte, sai da sala com um peso no coração, e quando olhei para frente lá
estava Vera, a maldita Vera.
"Então
você voltou? Eu tive tanto trabalho para ti tirar da minha frente no passado, e
você me atrapalha até hoje, mas escute bem o Beto nunca vai ser seu porque eu
sou a minha da vida dele."
Ela falava
entredentes, quase podia ver fogo saltar dos olhos dela.
"Ele
ficou sem mim estes anos todos e pelo visto você não foi uma boa substituta,
quer ver quem ganha querida? Pague pra ver!"
E sai de lá
me sentido a maior idiota da face da terra, eu havia acreditado naquela louca e
perdido o amor da minha vida a agora por um acaso do destino nos estávamos
unidos por uma casa? Eu tinha que fazer alguma coisa.
Quando minha
casa enfim começou a ser construída eu participei de perto de cada escolha,
levou cerca de cinco meses para que tudo tivesse ao meu gosto, cada pedacinho
de centímetro, mas tanto valor pago valera a pena a minha casa era como o meu
castelo em que eu era uma rainha precisando de um rei, com a casa construída eu
pedia finalmente me aproximar de Beto, e assim marquei o jantar como forma de
agradecimento, que ele a principio não queria aceitar, porque era contra a ética
da empresa dele, mas eu dei uma boa desculpa, disse que queria ter a chance de
agradecer, pois ele tinha feito bem mais do que eu havia pago, e assim aceitou
o convite.
Marquei para
as oito horas, fiz questão de mandar preparar o prato que eu sei que ele adora,
lasanha quatro queijos, e que eu por sinal também amo bastante, fui ao salão de
beleza escovar os cabelos e fazer as unhas porque elas estavam em estado bem
desesperador, aproveitei para dar aquela repaginada no visual, vesti uma roupa
bastante sexy, um vestido preto colado que muito modela meu corpo, passei uma
boa maquiagem com batom vermelho para realçar meus lábios e torna-los
convidativos de maneira que as oito eu estava prontinha apenas esperando por
ele.
As Oito e um ele chegou, sim eu estava tão
nervosa que até os segundos eu estava contando, eu ainda amava Beto, e nada me
importava mais do que ter ele comigo, estava preparada para tudo que viesse.
Seguimos o jantar normalmente ele me comeu com os olhos quando me viu, eu
adorava aquele olhar, olhar de predador.
"Você
caprichou hoje, está maravilhosa."
"Obrigada
Beto, você também está um charme."
"Eu
relutei muito se realmente devia vir aqui e você sabe porque. Não é fácil ver
alguém que significou tanto para você e não sentir nada."
"Você
ainda gosta de mim Beto?"
"Não é
isso que está em vogue é? Afinal foi você que se casou com outro, eu vi tudo, o
seu sim no altar ao lado de outro homem, eu tive que me segurar para não te
tirar dali a força e impedir aquele casamento, você era comigo que você deveria
se casar, não com aquele sujeito."
"Eu
sinto muito, eu estava ferida, confesso que fiz mesmo escolhas erradas, mas
estou aqui, já não estou casada, eu te amo Beto não pode me perdoar?"
" E se
eu te perdoar Malu, e você novamente acreditar em qualquer mentira que
inventarem? Eu não sei se aquento mais, quero um relacionamento tranquilo,
quanto tempo estamos separados?"
"Quase
dez anos, eu sei que deveria ter acreditado em você, sei que devia ter te
escutado. Mas é que eu sou assim, racional, acredito em provas, e ela tinha
provas, tudo bem que falsas, hoje eu sei. Você não me ama mais?"
"Eu
sempre vou te amar Malu, não é essa a questão. Você não faz ideia de como eu
sofri estes anos todos, e quando pensei que você fosse me procurar, você foi
embora do Brasil. Leonardo Brites me
procurou assim que vocês dois se separaram."
"O Leo?
O que ele queria?"
"Ele me
pediu para te procurar, disse que você era turrona que eu perdoasse você,
porque você me amava que o casamento de vocês dois foi um erro."
" E foi.
Eu não pensei direito, o sentimento já tinha acabado a tempo, nós é que ficamos
empurrando com a barriga e depois não dava mais para empurrar, foi aí que nos
separamos."
Os olhos de
Beto estavam irreconhecíveis, iam da luz a escuridão, era como se ele estivesse
chorando por dentro e em um impulso meu, eu lhe dei um beijo a qual ele me
respondeu com muita paixão, por um minuto parecia que não tínhamos nos
separado, eu queria que o tempo parece ali.
"Eu
juro que nunca mais deixo de acreditar em você, vamos tentar de novo?"
Ele me olhou
com olhos doces, pegou meu rosto entre as mãos e me beijou de novo, desta vez
com tanta doçura que pude sentir que ele ainda me amava.
"Claro.
Vamos começar de novo, desta vez do jeito certo."
E assim
voltamos de onde tínhamos parado sem ninguém para nos atrapalhar, pelo menos eu
pensava, um mês depois da nossa reconciliação Vera resolveu aprontar, ela
estava uma fera porque Beto e eu tínhamos voltado, todos os dias ela me dizia
alo diferente e confesso que aquilo já estava me cansando, como é que eu vou
ser indiferente, sou mulher e ciumenta sim diga-se de passagem, até que ele a
viu que os esforços dela foram nulos, em um dia como outro qualquer ela
resolveu selar a paz, e trouxe alguns drinks para comemorarmos o meu retorno com
Beto, as taças de vinho tinto no final do expediente estavam todas prontas e a
minha separada ela disse que era especial, mas antes de brindarmos ela teve que
ir atender ao telefone e o Beto como sempre foi brincalhão trocou os copos, e
assim bebemos, depois conversamos um pouco até que ela começou a passar mal e
tivemos que leva-la ao hospital as pressas, ela começou a vomitar sangue eu
nunca vi uma coisa dessas.
No final
tiveram que fazer uma lavagem estomacal e ela ainda precisou de sangue, ficou
no hospital um mês internada, até que fomos visita-la.
"Oi
Vera, como está?"
"Bem
Malu. Eu pensei que não fosse te ver por aqui. Lhe fiz muito mal estes anos
todos, menti, manipulei para te afastar do Beto e se você tivesse tomado o
Vinho era você que estaria aqui no meu lugar. Eu achava que um dia ele ia
querer ficar comigo e se não ficasse não seria de ninguém, Atrapalhei todos os
relacionamentos dele até hoje, nenhum deu certo por que eu não deixei, no final
ele desistiu de todas as relações."
" E por
que você fez isso? Valeu a pena? Olha onde você parou? Quase morreu por causa
de uma obsessão. Se o amasse de verdade iria querer o bem dele e ao contrário
você só lhe causou mal."
"Eu
sei. Será que um dia poderá me perdoar?"
"Não é
a mim que você tem que pedir perdão, é ao Beto, foi a vida dele que você
infernizou. Segue tua vida em paz e seja feliz."
Foi a
conversa mais difícil que já tive, e acredito que nunca tive que lutar tanto
para ficar com alguém como lutei pelo Beto, mas valeu a pena, por amor sempre vale
a pena, desde que você não tenha que pisar em ninguém.
Vera saiu da
empresa de vez, acabei comprando a parte do pai dela na empresa de Beto, não
entendo nada de construção de casa na verdade, mas entendo de administração e
isso é o que importa.
Essas lutas
todas que tive para provar meu amor, só aumentaram minha confiança e me
ensinaram muitas e valiosas lições que sem elas eu certamente seria incompleta.
Mágoa? Ódio?
Não sinto, acredito que sempre que tal como a vingança são sentimentos pequenos
que não merecem ocupar espaço em meu coração.
Felizes para
sempre? Não existe, mas pode ter certeza que enquanto tiver um por cento de
chance estarei lutando para ser feliz, porque eu aprendi que não é o final da
corrida que traz a recompensa, mas sim chegar lá e ultrapassar cada obstáculo.
Fim!
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